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Novo chefe da PM promete combater truculência nas abordagens e revistas

27/11/2012

Coronel Benedito Meira também quer 'limpar' imagem da Rota nas redes sociais e processar quem defender mortes em nome do batalhão


O novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, de 50 anos, quer combater a truculência nas abordagens e revistas feitas por policiais nas ruas de São Paulo. Ele acredita que elas são o principal "cartão de visitas" da corporação e instrumento estratégico de combate ao crime.

"O contato corporal deve ser feito de forma firme e respeitosa. O cidadão deve ser abordado com dignidade, sabendo o motivo da ação policial. Como diariamente são feitas inúmeras revistas, quando as ações são bem feitas, podem ajudar a tornar a imagem da polícia positiva", afirma.

A Polícia Militar faz cerca de 11 milhões de abordagens por ano. "As revistas são instrumento fundamental no combate ao crime. Assim apreendemos armas, identificamos suspeitos e procurados. Por isso, creio que devemos aperfeiçoar a forma como essas ações são feitas", diz.

Meira também pretende se empenhar para melhorar a imagem das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Um dos focos do novo comandante são as redes sociais. Ele quer acionar legalmente quem associar a imagem do batalhão com o símbolo da caveira e com ações assassinas em páginas do Facebook.

Grupos como Admiradores da Rota, por exemplo, têm mais de 100 mil seguidores, muitos deles policiais militares que publicam as próprias ocorrências na internet. A ideia do comandante-geral é ter uma página oficial da Rota na internet. "Tomaremos as medidas legais cabíveis contra quem associar à Rota a imagem equivocada da ilegalidade e da violência, que não condizem com a filosofia da Rota", diz.

Para lidar com a crise atual e as ameaças de atentados na corporação, ele já recebeu uma lista de PMs ameaçados e diz que vai orientar esses homens sobre como proceder para diminuir riscos. "A pior coisa para um comandante é segurar a alça do caixão de um policial. Espero não ter de passar por isso."

Porta-retrato. A aproximação do atual comandante-geral com o governador Geraldo Alckmin ocorreu por intermédio do deputado estadual Pedro Tobias (PSDB). Ambos são da região de Bauru, no interior, onde cresceram na carreira. Até sexta-feira, quando era chefe da Casa Militar, Meira tinha em seu gabinete um porta-retrato onde aparece abraçado com Alckmin e Tobias.

Durante os oito meses em que foi secretário-chefe da Casa Militar, aprendeu a conviver com o governador e assim conquistou sua confiança. "Pouco depois de assumir a Casa Militar, fui um dia conversar com o governador sobre a polícia. Ele me respondeu que era um assunto do secretário de Segurança. Entendi o recado e passei a tratar com ele só os assuntos da minha pasta. Com o tempo, a confiança aumentou e passamos a conversar mais sobre a segurança pública."

Com perfil operacional, o comandante sempre gostou de sair às ruas e acompanhar de perto o trabalho da tropa. Foi saindo com viaturas na zona leste da capital que testemunhou a falta de educação de alguns policiais.

Bom trato. Acostumado a manter um contato direto com a população e com os veículos de comunicação do interior, onde trabalhou boa parte da carreira, Meira diz acreditar que a transparência e o diálogo com a imprensa são fundamentais para melhorar o controle da PM. Pelo menos no discurso, a atual gestão na área de comunicação será diferente da do comandante Roberval Ferreira França, que deixa o cargo e evitava falar com jornalistas.

O novo comandante-geral afirma ainda que atuará junto à Secretaria de Segurança Pública para reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao conceder liminar, fez com que cerca de 70 mil policiais militares tenham seus vencimentos cortados em 5% a 20%. Segundo ele, a recente mudança na presidência do STF dá margens a uma nova decisão.

Hoje, ele se reúne com coronéis da PM paulista para definir os próximos passos da corporação. Meira afirma ser ainda prematuro apontar envolvimento de policiais com grupos de extermínio. "Não temos provas. O que posso garantir é que, se as provas aparecerem, puniremos com rigor", disse.


ESTADÃO
foto - pec300.com - Portal PM Brasil




PORTAL PM BRASIL - PEC300.COM
Observando as discussões e publicações em fóruns na internet, além de algumas conversas tidas com colegas policiais de vários estados do Brasil, fica claro que há um sentimento nacional de receio entre os policiais por causa da possibilidade de sofrerem atentados em virtude de sua condição profissional –  principalmente os militares, que trabalham fardados diuturnamente. Os exemplos de São Paulo e Santa Catarina por enquanto têm servido de ameça às demais polícias brasileiras.
Se por um lado é preciso ter cautela e faro para as informações que nos chegam, nem sempre oriundas de fontes confiáveis, por outro é prudente estar atento às possibilidades de eclosão de crises locais, alinhadas ou não com os crimes que ocorrem em outros estados. Por imitação, delinquentes podem se aventurar em empreitadas semelhantes, mesmo que se diga com algum grau de certeza que um movimento criminoso regional ou nacional não seria possível (tese que pode ser colocada em questão com as capacidades atuais de comunicação, por exemplo).
O fato é que esta insurgência do crime está prevista na gama de desdobramentos da atividade policial: quem cumpre a lei contra alguém tende a desagradar, e nem sempre se dobra à ação policial legítima. Assim, todos nós, policiais, sabemos que determinados ambientes, posturas e comportamentos são arriscados para quem atua desagradando aqueles que se encorajam contra a lei.

Aqui cabe uma ressalva, que se refere aos diferentes matizes que este cenário aparentemente simples pode assumir. Nem sempre policiais mortos são policiais que cumpriam a lei. Nem sempre policiais mortos morreram por sua condição de policial. Esta confusão, porém, não anula o óbvio e absurdo extermínio de policiais que está ocorrendo em algumas partes do país – simplesmente por ser policial.
Se os policiais têm consciência de que represálias à sua ação legal podem ocorrer durante sua carreira, sendo esta até uma “naturalidade infeliz” decorrente da profissão, os gestores das polícias e os governantes não podem encarar este aspecto como desprezível. É preciso dar demonstrações claras à tropa de que há apoio e resguardo à sua vida. Sem descuidar de fatores centrais na prevenção à morte de policiais, que vai desde a valorização salarial, garantindo moradia e transporte digno, isentos de áreas conflagradas e exposição a ‘bicos’ precários, até a limpeza ética das polícias, já que policiais envolvidos com o crime organizado podem ser estopins de crises como a que se vive atualmente.
Há policiais no Brasil que vigiam particularmente ruas por R$30 reais a noite. Há policiais no Brasil que roubam R$30 reais de traficantes para não prendê-los. Ambos são alvo do crime que tenta atacar policiais. Por motivos distintos.

Autor: - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com
Há alguns dias a imprensa vem dando conta de certa insatisfação entre coronéis da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), apontada para o modo de condução da crise que se arrasta na segurança pública do estado. De acordo com o Estadão, “os coronéis foram muito críticos em relação à gestão do atual comandante-geral da PM, Roberval Ferreira França, por causa de seu estilo de comando, considerado imperial por muitos deles”. Tão logo boatos do tipo começaram a surgir, o Governador Alckmin nomeou um novo secretário de segurança pública, tentando dar novos ares à gestão da crise.
Mudado o secretário, logo foram anunciados novos chefes das polícias estaduais: na Polícia Civil, assumiu Luiz Mauricio Blazeck como delegado-geral, na PMESP, o coronel Benedito Roberto Meira passa a conduzir o comando geral. Ambos assumem as corporações em momento de fragilidade institucional: policiais militares sendo mortos, policiais militares matando, homicídios em escala crescente e não elucidados.
Embora o contexto exija cumplicidade dos chefes das polícias com suas tropas, com simultâneo rigor que garanta a não perpetuação de ações que aprofundem a crise, há muitos questionamentos sobre a solidariedade do governo e dos comandos, principalmente na Polícia Militar, que sofreu redução salarial em virtude de um recurso na Justiça deflagrado pela Procuradoria do Estado:

O problema não é apenas o fato de os PMs terem se tornado alvo de ações do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou a possível reação de policiais que estariam por trás de ações de extermínio na periferia. O imbróglio envolve também uma ação da Procuradoria do Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma decisão da Justiça de São Paulo que beneficiava os PMs, mudando a forma de cálculo de seus vencimentos.
A procuradoria obteve no STF uma liminar que fez com que cerca de 70 mil PMs tivessem seus rendimentos cortados em 5% a 20% no último mês. “Houve quem falasse em greve no meu batalhão. Como explicar esse corte de salário para uma tropa que teve policial assassinado pelos criminosos?”, disse um dos coronéis ouvidos pelo Estado.
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Não parece pequeno o desafio do novo comandante da PM de São Paulo, que dificilmente conseguirá superar a crise que, se já é grave com os assassinatos de policiais, chega a patamar extremo com o sentimento arraigado na tropa de descaso do governo com seus homens e mulheres. Não à toa, a Associação de Cabos e Soldados da corporação emitiu uma nota com a seguinte conclusão: “A insensibilidade dos fortes provocará a revolta dos fracos”.
Talvez seja este o principal anseio dos policiais militares de São Paulo no momento: atenção a suas demandas, valorização às suas humanidade, proteção aos seus direitos. Sem isso, a tropa sentir-se-á ao “Deus dará”.

Autor: - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados participou nesta segunda-feira de reunião com representantes de policiais na Assembleia Legislativa de São Paulo. O encontro ocorreu antes de visita à comunidade Jardim Vaz de Lima, atualmente sob intervenção da polícia, que tenta pacificar o local, considerado um dos mais perigosos de São Paulo. Segundo o deputado federal e presidente da comissão, Efraim Filho (DEM-PB), o objetivo da reunião é inspecionar as políticas públicas de segurança adotadas pelo Estado em conjunto com o governo federal, depois da crise da segurança e da onda de violência.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), firmaram termo de cooperação, no início do mês, para formalizar seis ações de segurança pública em São Paulo, entre essas, a criação de uma agência de atuação integrada de inteligência para combater a criminalidade no Estado. "O papel da Câmara dos Deputados é estudar esse novo modelo de ação integrada que está sendo adotado e conferir os resultados obtidos, para que possamos aperfeiçoar as políticas públicas de segurança", explicou o deputado.

Efraim Filho disse que o diálogo com as autoridades policiais existe, mas precisa evoluir para que seja aberto e transparente sem acobertar números, já que o cenário é de crise e precisa ser melhorado. "É possível perceber que a droga e o crime organizado estão na causa do problema e é preciso estabelecer métodos eficientes para combatê-los. E isso pode ser feito por meio de uma ação integrada de inteligência", afirmou.

Para o deputado, é preciso asfixiar a força econômica do crime organizado, que, segundo ele, sobrevive de um poder financeiro que não será dissipado sem ações de inteligência com prevenção e repressão. Efraim Filho, a resposta do estado ao crime organizado foi lenta quando se percebeu que os criminosos estavam investindo contra os policiais.

"Isso é uma afronta à ordem pública, ao Poder Público, e passa à comunidade um sentimento de pânico e insegurança. O policial militar tem um simbolismo para a sociedade de força e autoridade, e quando é confrontado de forma violenta e não tem respostas imediatas chega-se a uma crise instalada", disse.

Agora que é presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa terá de vencer sua natureza solitária e aprender a fazer política

Flávia Tavares

A tarde da quinta-feira, dia 22 de novembro de 2012, seguia lenta em Brasília quando Joaquim Benedito Barbosa Gomes - negro, filho de uma faxineira e de um pedreiro, relator do julgamento mais difícil da história republicana do Brasil - carregou seu corpo, e tudo o que ele representa, para o púlpito do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), de modo a tomar posse como 55- presidente da corte. “Prometo cumprir os deveres do cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, em conformidade com as leis”, afirmou Joaquim, diante da mãe, dona Benedita, e dos demais -do poder, das celebridades, das câmeras. Foi o evento do ano em Brasília. A capital celebrou com entusiasmo a posse do primeiro presidente negro no STF. Estavam lá os atores Lázaro Ramos e Regina Casé, os músicos Djavan e Martinho da Vila, o piloto Nelson Piquet, o ex-jogador Romário... Estava lá a presidente Dilma Rousseff, mais em corpo do que em espírito, conforme se depreendeu de seu esforço em não sorrir - sob hipótese alguma - nas duas horas de cerimônia. Estavam lá cerca de 340 almas. Estavam lá, em meio aos cliques e beija-mãos, para o Joaquim que assumiu, o símbolo, o orgulho e, para alguns, o parente distante, o colega ocasional. Não estavam lá para o Joaquim do dia seguinte. Este, quer por opção, quer pelo gênio difícil, estava só - e continuará só. Joaquim comandará o Judiciário sem amigos. Ao menos sem os amigos de que precisará: os amigos políticos.
A presidência do Supremo é, antes de tudo, um cargo político. Como presidente, Joaquim terá de se relacionar com os chefes do Executivo e do Legislativo, com juizes, com burocratas do Judiciário, com advogados, com jornalistas. Goste ou não - e Joaquim não gosta nada dessa tarefa. Nos últimos anos, já como ministro do STF, afastando constantemente os outros, Joaquim pareceu confundir a necessária postura independente do juiz com uma mais que ocasional resistência aos outros - resistência que se manifestou no modo colérico como reagiu quando contrariado pelos colegas ou nas aproximações de advogados e políticos. Agora, porém, Joaquim é um líder. E um líder político não lidera apenas pelo bom exemplo. Lidera pelas relações pessoais que cria e mantém, precisamente com quem pode ajudá-lo no exercício da liderança.
Exercer essa missão política sem se conspurcar e, ainda assim, com eficiência, é difícil. Ainda mais porque, para chegar à posição de exercê-la, Joaquim, como qualquer outro, precisou ser também político. Naquela tarde de quinta-feira, em seu discurso de posse, ele disse: “É preciso reforçar a independência do juiz. Afastá-lo, desde o ingresso na carreira, das múltiplas e nocivas influências que podem paulatinamente minar-lhe a independência. Essas más influências podem se manifestar tanto a partir da própria hierarquia interna a que o jovem juiz se vê submetido quanto dos laços políticos de que ele pode às vezes tornar-se tributário na natural e humana busca por ascensão funcional e profissional”. E prosseguiu: “O juiz, bem como os membros de outras carreiras importantes do Estado, deve saber de antemão quais são suas reais perspectivas de progressão. E não buscar obtê-las por meio da aproximação ao poder político do momento”.
Foi um sermão inóspito a Brasília, onde amizades, especialmente as políticas, estão embutidas no cimento que ergueu e sustenta a cidade.
Joaquim não mantém, ou preferiu esquecer agora, algumas das relações mais profícuas que pôde usufruir. Quando trabalhava no Senado, na década de 1970, foi colega de Aga-ciel Maia, que viria a ser diretor-geral da Casa anos depois - e sairia no bojo do escândalo dos atos secretos, em que parentes de senadores eram contratados sob os panos. Quando funcionários do Senado, Joaquim e Agaciel eram datiló-grafos e jogavam bola juntos. Quando voltou a Brasília para ser ministro do Supremo, Joaquim chegou a frequentar as peladas na casa de Agaciel. Hoje não aparece mais lá.
Outra amizade que se desfez foi com o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Como Época relatou na edição 751, de 8 de outubro, foi Kakay quem fez a ponte, a pedido de Joaquim, entre ele e José Dirceu, então todo-poderoso no Poder ao lado, o Executivo - a “aproximação com o poder político do momento”. Queria ajuda para confirmar sua indicação ao STF. Na conversa protocolar no andar de cima do restaurante Piantella, Dirceu respondeu que o currículo de Joaquim teria de falar por si. E que, justamente como Joaquim em seu discurso da quinta-feira, era contra esse sistema em que um ministro do Judiciário tinha de pedir apoio a um ministro do Executivo para ser indicado. Dirceu confessara antes ao amigo Kakay que seu desconforto era, inclusive, porque, em tese, ele próprio poderia vir a ser julgado pelo ministro que ajudasse a nomear. Dirceu ajudou Joaquim. E a recíproca não foi verdadeira.
Nem mesmo entre os ministros do Supremo Joaquim tem amizades. Pelo contrário. Ali pululam desafetos. É com eles, entretanto, que Joaquim exercerá o poder que acaba de receber: nos debates em plenário, nas decisões técnicas e na diplomacia. Os desafetos foram conquistados ao sabor das altercações nos julgamentos. Com eles, vieram as mágoas - dos ministros, que recebiam a rispidez de Joaquim, e, fora do Supremo, de quem não tinha nem sequer a chance de conversar com ele, caso de advogados, juizes e funcionários. Em alguns casos, a mágoa virou temor, temor de que, dependendo de quem você seja, diálogo não será uma possibilidade com o presidente Joaquim Barbosa.
São sentimentos que renderam episódios traumáticos para a corte. Um deles aconteceu em abril de 2009, quando Joaquim discutia com o ministro Gilmar Mendes, então presidente do STF, uma ação julgada três anos antes. Depois de Joaquim acusar Gilmar de não ser transparente na decisão e de uma réplica de Gilmar dizendo que Joaquim “faltava” às sessões, quando, na verdade, estava de licença médica por causa dos já crônicos problemas na coluna, Joaquim disse: “Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar”. A peleja rendeu três anos de distância entre os dois.
Neste ano, Joaquim voltou a expor sua verve belicosa. Desta vez, com o então presidente do STF, Cezar Peluso. Em seus últimos dias na corte, Peluso falou do “temperamento difícil” de Joaquim ao lidar com advogados e colegas. “Ele é uma pessoa insegura. Tenho a impressão que ele tem medo de ser qualificado como arrogante, como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor”, disse Peluso. A resposta de Joaquim veio violenta. Brega, caipira e tirânico foram os adjetivos da réplica. Sobre sua insegurança e seu temperamento de faíscas, Joaquim afirmou: “Alguns brasileiros não negros se acham no direito de tomar certas liberdades com negros. Você já percebeu que eu não permito isso, né?” Quando Marco Aurélio Mello, um de seus sparrings preferenciais, questionou se Joaquim teria condição de presidir a corte, por causa de seus destemperos, a reação veio por nota à imprensa. “Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar”, diz o comunicado. Marco Aurélio é primo distante de Fernando Collor de Mello e foi por ele indicado ao STF.
Em conversas privadas, Joaquim mostra pouco carinho pela corte. Na festa de despedida do ministro Sepúlveda Pertence do STF, em 2007, num restaurante exclusivo de Brasília, quando incitado por amigos a dizer como estavam as coisas no Tribunal, ele respondeu, com desdém, que aquilo não tem jeito. “Vou presidir o STF e saio no outro dia. Vou governar Minas Gerais”, disse. Quem estava lá não detectou ironia no tom de voz. Mas captou ambição. É nas conversas reservadas que Joaquim costuma revelar traços que nem as câmeras da TV Justiça captam. Num bate-papo com a imprensa depois de uma das sessões do mensalão, ele já estava de saída, de costas para os repórteres, quando um deles perguntou sobre seu tratamento de saúde na Alemanha. “Isso é espírito de corvo”, disse Joaquim. Balançou a capa preta e saiu.
Na noite daquela quinta-feira, o poder celebrou Joaquim. Numa festa patrocinada pelas associações de juizes no Espaço Porto Vittoria, às margens do Lago Paranoá, 1.300 convidados brindaram, com espumante Casa Valduga, ao novo presidente do Supremo. Parecia festa de casamento. Havia música ao vivo, garçons servindo canapés e muita conversa (política) ao pé do ouvido. A farra era tão concorrida que os convivas se espremiam nos pequenos espaços entre as mesas. Entre eles, os ministros Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski (que assumiu como vice de Joaquim) e Luiz Fux, que só largou o copo de Red Labei para tocar Tim Maia na guitarra. Joaquim curtiu todos os instantes, apesar das dores. De tanto assédio, teve de recorrer aos seguranças. Passou a noite exibindo sorrisos para as fotos e dando tapinhas nas costas dos fãs, de lá para cá, de cá para lá.
A festa passou. Joaquim, em breve, assim que seus familiares voltarem a Minas e ao Rio de Janeiro, ficará sozinho em seu amplo apartamento na superquadra 312 Sul. Nas noites seguintes - e em todos os dias que se seguirão a partir de agora -, o presidente do Supremo estará só.

Operação Natalina 2012 da Polícia Militar (PM) já está em vigor desde o último sábado (24) em várias cidades do estado. A ação, que tem o objetivo de coibir a ação de criminosos no período que se aproxima das festas de fim de ano, levando em consideração o aumento no fluxo de pessoas que vão as compras, bem como a circulação de dinheiro devido ao pagamento do 13º salário. A operação termina no dia 6 de janeiro de 2013.

Na região do Triângulo Mineiro, Ituiutaba foi a primeira a colocar em ação a Operação Natalina. A PM da cidade, que é responsável por outros nove municípios, passou a contar com mais de 300 policiais, apesar de os números exatos não serem divulgados por questão de estratégia.

Já em Uberaba, a operação já está valendo desde o último sábado (24). As rondas ostensivas devem se intensificar ainda mais a partir do dia 9 de dezembro, quando as lojas da região central e das principais ruas comerciais passam a funcionar no horário especial de Natal. De acordo com o comando do 4º Batalhão, até mesmo os militares que atuam no setor administrativo serão deslocados para apoiar no policiamento e garantir a segurança dos consumidores.

Em Uberlândia, a operação passa a valer a partir desta terça-feira (27), às 9h, quando os policiais se reúnem na Praça Clarimundo Carneiro. De acordo com o comando da PM, todo o efetivo estará nas ruas e serão realizadas fiscalizações nos bairros e no Centro durante o dia e também no período da noite, com a utilização de todos os recursos humanos e logísticos disponíveis.

Em relação aos clientes que pretendem fazer as compras de Natal, a orientação da PM é para que as pessoas evitem transitar com grande quantidade de dinheiro no bolso. Além disso, os golpes de estelionatários também vão receber atenção especial. Por isso, a dica é sempre suspeitar de estranhos que ofereçam vantagens na tentativa de enganar as vítimas. Estacionar os veículos em locais seguros e movimentados também é uma das orientações, devido aos furtos registrados em diversos pontos das cidades.

No entanto, não são apenas as regiões comerciais das cidades que vão receber atenção redobrada da PM. Os bairros mais afastados também serão alvo da Operação Natalina, principalmente com intensificação no policiamento e orientações a população, sobretudo no que diz respeito aos moradores que viajam durante o período de festas e deixam as residências vazias, tornando-as alvos de fácil acesso para os criminosos.

Nada menos que nove projetos relacionados à carreira e remuneração de várias categorias do funcionalismo público estadual serão votados pelos deputados até o fim de dezembro


Juliana Cipriani -


Entre as propostas que vão a plenário está a que cria a carreira de médico na Secretaria de Defesa Social (Cristina Horta/EM/D.A Press)

Entre as propostas que vão a plenário está a que cria a carreira de médico na Secretaria de Defesa Social


Os servidores do estado de Minas Gerais têm pelo menos nove bom motivos para ficar atentos ao trabalho dos parlamentares na Assembleia Legislativa nas próximas semanas. A cerca de um mês do encerramento do ano legislativo, tramitam na Casa três projetos de lei complementar e seis projetos de lei tratando de carreiras do funcionalismo. Em pauta, aumentos, gratificações, criação de cargos e modificações nas estruturas salariais. As propostas atingem servidores do Executivo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas.


O projeto mais amplo do Executivo trata de várias carreiras em um mesmo texto. Concede um reajuste de 30,23% nas tabelas de médico perito no âmbito da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag). Ficam criadas duas gratificações no âmbito da Fundação João Pinheiro. Na Defesa Social, a proposta cria a carreira de médico e 5.291 cargos de agente penitenciário. Também fica instituído o regime de remuneração por subsídio na carreira de professor de ensino médio e tecnológico da Fundação de Educação para o Trabalho e ficam reajustados em 15,2% os vencimentos dos servidores do Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais.



No mesmo projeto, a gratificação de desempenho da carreira de professor de educação superior é estendida aos funcionários da Fundação Helena Antipoff. Na educação, o projeto acaba com a exigência de requerimento para promoção na carreira do ensino básico. O texto reajusta ainda gratificação aos cargos de comandante de avião a jato, de avião, piloto de helicóptero e primeiro oficial de aeronave. Outro projeto do Executivo que está pronto para votação em plenário prevê a revisão da política remuneratória dos servidores do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). O texto cria gratificações, define regras para ampliação de jornada e reajusta o vencimento de algumas carreiras. Na quinta-feira, o Executivo enviou emenda criando mais 1,3 mil cargos de assistente administrativo da Polícia Militar.



Os policiais civis, militares e bombeiros militares também devem se mobilizar em razão de dois projetos de lei complementar e um de lei. Tramitam propostas do Executivo para alterar a lei orgânica da Polícia Civil e mudar as regras para promoção na carreira militar. O outro texto fixa o efetivo da Polícia Militar em 51.699 pessoas e o de bombeiros em 7.999 até 2015. Segundo mensagem do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB), a proposta não altera o número, mas redistribui o efetivo.



Projeto de autoria do Tribunal de Contas do Estado transforma os auditores em conselheiros substitutos, dando-lhes as mesmas prerrogativas e impedimentos quando no exercício dos cargos, inclusive o mesmo período de férias da magistratura. Enviado pelo desembargador Joaquim Herculano, presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, outro projeto institui o prêmio por produtividade aos servidores do Judiciário mineiro. O valor a cada servidor, que receberá o adicional em função de cumprir metas, não pode ser superior a um vencimento de padrão inicial da carreira de técnico judiciário.



Para os servidores do Ministério Público, o governo enviou projeto que fixa em 1º de maio a data base para revisão salarial na carreira. O projeto concede o aumento deste ano retroativo a maio no percentual de 5,1%. O último projeto a chegar no Legislativo cria 32 cargos no MP estadual, sendo as vagas de assessor administrativo, assessor I e II e III e IV, superintendente e coordenador I e II. A Procuradoria Geral justifica o texto alegando que houve aumento de demanda. A projeção anual dos custos com os novos cargos é de R$ 1.159.746.

Em pauta

PLC 27 - Tribunal de Contas (auditores viram conselheiros substitutos)
PLC 23 - Lei orgânica da Polícia Civil
PLC 31 - Altera normas de promoção dentro da Polícia Militar
PL 3.506 - Institui prêmio por produtividade para servidores do Judiciário
PL 3.500 - Reajustes, gratificações e criação de cargos em várias carreiras.
PL 3.452 - Cria gratificação de saúde no Ipsemg
PL 3.331 - Fixa data base no Ministério Público e dá aumento de 5,1% retroativo a maio
PL 3.521 - Redistribui o efetivo da polícia e dos bombeiros militares
PL 3.587 - Cria Cargos no Ministério Público
BLOG NOVIDADES DA POLICIA CIVIL
Revista Consultor Jurídico, 25 de novembro de 2012


Novo rumo. De Sanctis elogia mudança de viés do Supremo


O desembargador federal Fausto Martin De Sanctis, 48, que atua no TRF-3, concedeu entrevista à Folha de S.Paulo deste domingo (25/11). Ele disse que há uma "mudança de viés" do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão. Em outubro, o desembargador falou à ConJur sobre os dilemas enfrentados pelo STF na Ação Penal 470 e enalteceu as novas abordagens da corte.

À Folha De Sanctis afirmou ainda que o tempo de tramitação do processo do mensalão, que chegará a oito anos em 2013, indica "a falência" do foro por prerrogativa de função.

Ele acaba de passar oito meses nos EUA, onde fez pesquisa sobre lavagem de dinheiro no mercado de artes e deu palestras a convite de um centro de estudos jurídicos vinculado à Suprema Corte norte-americana.

Leia a entrevista:

Folha — Qual a repercussão do julgamento do mensalão no meio jurídico dos EUA?

Fausto Martin De Sanctis — A primeira coisa que surpreende nos EUA é o tempo de julgamento. Eles consideram inaceitável um julgamento demorar sete anos, um julgamento de primeira instância, como seria nos EUA, porque lá não há foro por prerrogativa de função [para casos como os julgados no mensalão]. Sempre achei inaceitável o foro de prerrogativa porque atenta à democracia, é um julgamento privilegiado. E totalmente ineficaz. O mensalão provou que o foro é um sistema falido.

Por que o mensalão é sinal de falência do sistema?

Eles [juízes nos EUA] perguntaram: 'Por que demorou tanto?' Eu falei que o Supremo está sobrecarregado, existem 200 milhões de processos no Brasil. A corte não tem condições, não quero dizer capacidade intelectual, digo que não tem condições de fazer face a essa demanda.

Qual seria o tempo razoável?

Um ano, um ano e meio.

Mas alguns ministros disseram que o mensalão só teve a decisão em tempo recorde para os padrões brasileiros justamente porque tramitou no foro privilegiado.

É que o brasileiro se conforma com a ineficiência. Eu não quero confrontar ministros, mas um julgamento de sete anos para [equivalente a] primeiro grau é lamentável.

O ministro da Justiça disse há poucos dias que a situação das cadeias é péssima. Como se falar em penas duras num sistema como esse?

Um estudo do Banco Mundial revelou que a situação das cadeias no mundo reflete o nível econômico e social mais inferior da população. O que se poderia esperar de um país como o Brasil, em que boa parte da população sobrevive em favelas e à margem da economia formal?

E do ponto de vista do mérito, o julgamento do mensalão é um divisor de águas? Que mensagem ele manda aos corruptos?

É visível a necessidade de experiência na Justiça criminal por parte dos juízes. Deixa claro que quando a corte decide como corte de primeira instância, que é como estão fazendo, o viés muda, e acaba ratificando e compreendendo muitas decisões tomadas pelas varas especializadas.

Em que sentido mudou o viés?

Os ministros agora estão adotando um pragmatismo jurídico. [Antes] eles decidiam levando em consideração a abstração dos valores constitucionais, mas agora, atuando de forma equivalente aos juízes de primeiro grau, levam também em consideração a realidade dos fatos concretos.

Quais são os buracos da nova lei de lavagem de dinheiro?

Incluíram na lei [a previsão de] que nenhuma medida pode ser tomada depois da extinção da punibilidade do crime antecedente. Isso é um erro grave. O dinheiro obtido ilicitamente jamais pode permanecer com o criminoso, ou com os sucessores do criminoso. E a lei agora estabeleceu isso. Lavagem nada mais é do que máquina de realização de mais e mais crimes. Lavagem é a perpetuação do crime organizado.

O que ocorre hoje em São Paulo com a morte dos policiais e suspeitos, do que se trata?

A certeza da impunidade. Acho que hoje o policial brasileiro está totalmente abandonado. O policial não tem nenhuma estrutura de apoio institucional. O policial é massacrado. O policial é malvisto. E o policial não é só um policial, ele representa a sociedade. O que está acontecendo é uma guerra civil.

Por outro lado, não se abre o risco de extermínio de suspeitos? Como lidar com os excessos da polícia nesse quadro de guerra?

Quando se está em guerra, se está em guerra. Então os excessos vão existir. O que acontece no Brasil é que se fecham os olhos à guerra. Agora, não quero referendar excessos, pelo amor de Deus. Acho o seguinte: estamos tratando de guerra, e guerra tem que ter legislação de guerra. E cadê a legislação? O crime organizado está tomando conta de tudo.

O STJ considerou, em votação na turma, que as provas colhidas durante a Operação Satiagraha são ilegais. Qual sua reação, as provas são ilegais? O TRF não havia considerado válidas essas mesmas provas?

De fato, o tribunal considerou válidas. Mas eu não posso falar sobre esse fato concreto, isso ainda deverá ser objeto de apreciação pelo Supremo, em recurso.
Prezados companheiros e companheiras,

Está tramitando na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei Complementar 31/2012, de autoria do Governador, que altera o Estatuto dos Militares de Minas. Dentre outras coisas, a proposta muda as regras de promoções na PM e no BM, motivo pelo qual se faz necessária aprovação o mais rápido possível, para que as alteração entrem em vigor ainda este ano, valendo para as promoções de dezembro.

Com o objetivo de aperfeiçoar o projeto original, apresentei várias emendas, das quais destaco a que estabelece em lei a fixação da carga horária máxima de 40 horas semanais e cria o banco de horas excedentes. Esta é uma luta antiga deste deputado e de extrema importância para os policiais e bombeiros militares de Minas!

Assim sendo, solicito o empenho de todos, pois é imprescindível que a classe se mobilize neste sentido. Sugiro que cada companheiro envie e-mails aos demais 76 deputados da Assembleia Legislativa, solicitando a aprovação da emenda citada. Para tanto, basta clicar no link http://www.almg.gov.br/participe/fale_deputado/index.html, marcar a opção “deputados” e selecionar o envio para “todos”.

Vejam a emenda, na íntegra:

Proposta de Emenda nº de 1º Turno ao Projeto de Lei Complementar nº31/2012
Acrescente-se onde convier na Lei nº 5.301, de 16 de outubro de 1969, o seguinte artigo:

"Art. ... - A carga horária semanal de trabalho dos ocupantes de cargos das carreiras de que trata a Lei nº 5.301, de 16 de outubro de 1969, é de quarenta horas, ficando as horas excedentes registradas em banco de horas.

Parágrafo único: A compensação das horas que excederem a jornada será definida em regulamento..”.


Sala das Comissões, 08 de novembro de 2012.

A estratégia é lotarmos a caixa de correio de todos os deputados, solicitando a aprovação desta emenda ao PLC- 31/2012 e afirmando que todos os servidores públicos do Estado, incluindo os Policiais Civis, já possuem carga horária definida em lei.  Apenas os Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado de Minas Gerais não possuem esta garantia! Hoje existe, inclusive, uma resolução do Comando-geral estabelecendo a carga horária MÍNIMA de 40 HORAS SEMANAIS, não especificando a carga horária MÁXIMA. 

O que ocorre na prática dos quarteis são inúmeros abusos, com Policiais e Bombeiros Militares trabalhando em escalas desumanas, sem forma alguma de compensação, seja financeira ou em folga posterior.

O Supremo Tribunal Federal tem decidido reiteradamente que HORAS TRABALHADAS NÃO PAGAS É TRABALHO ESCRAVO.

Estes são alguns dos argumentos que cada Policial Militar e Bombeiro Militar poderá relatar em sua mensagem aos deputados.

Sendo assim, solicito o máximo de empenho de meus companheiros(as) nessa mobilização e exercício da cidadania.

DEPUTADO SARGENTO RODRIGUESLíder da bancada do PDT - ALMG

'Em briga de marido e mulher, a Civil mete a colher', diz Martha Rocha

Rio -  Nove homens acusados de assassinato ou tentativa de homicídio contra mulheres foram presos nesta sexta-feira pela Polícia Civil.

As capturas, segundo a chefe da instituição, delegada Martha Rocha, marcam o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher, que será comemorado amanhã. Todos tinham mandados de prisão pendentes.

“Fica o alerta para todos: em briga de marido e mulher, a Polícia Civil mete a colher”, afirmou Martha Rocha. Ela ressaltou que quatro novas Delegacias Especiais no Atendimento à Mulher (Deam) devem ser inauguradas até março em Nova Iguaçu, São Gonçalo, Campos e Cabo Frio.
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Nove acusados de crimes contra as parceiras foram capturados em vários pontos do estado do Rio: mais de 20 suspeitos estão na mira da polícia | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
A partir de investigações de delegacias distritais, policiais das 11 Deams desencadearam a operação de ontem em todo o estado. Os suspeitos estão envolvidos em casos registrados desde 2004.

“Essa foi a maneira da Polícia Civil comemorar a data”, ressaltou Martha Rocha, referindo-se às prisões.

Ainda de acordo com a chefe de Polícia, todos os mandados de prisão pendentes relacionados a homicídio ou tentativa de homicídio contra mulheres serão cumpridos até o fim do ano. Mais de 20 suspeitos são procurados.

Explicação

Perguntada sobre o motivo de as prisões só terem ocorrido na véspera do Dia da Eliminação da Violência contra a Mulher, a delegada afirmou que a corporação sempre tenta cumprir os mandados de prisão pendentes.

“Nesse momento foi possível prendê-los, mas isso não quer dizer que a polícia não tenha tentado capturá-los antes”.

Ela também fez um apelo às mulheres, pedindo para elas procurarem a polícia logo no primeiro caso de agressão. “A violência doméstica não está maior. O que aumentou foi o número de notificações”, concluiu a policial.

Quatro vítimas reconhecem jovem como autor dos crimes

O delegado Carlos Nogueira Pinto, da 33ª DP (Realengo), espera conseguir mandado de prisão preventiva ainda no fim de semana, durante o plantão judiciário, contra Marco Vinício da Silva Marques, 21, reconhecido por quatro vítimas como o estuprador do Colégio Municipal Gabriel Soares, em Realengo.

Apontado por agentes como o "Maníaco da Escola", o mototaxista é suspeito de estuprar outras quatro meninas que não o reconheceram ainda — todas menores de idade —, totalizando 8 vítimas.

Marco é ex-aluno da escola, morador do bairro e foi preso na quinta-feira ao comparecer à delegacia para prestar depoimento. Ele nega os crimes.

Segundo a polícia, Marco abordava meninas em uma moto e, com uma arma, obrigava as garotas a subirem no veículo. Levava as vítimas para a escola, onde praticava o crime. Ele também deverá responder por roubo, porque objetos foram levados das menores.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que a 8ª Coordenadoria Regional de Educação está acompanhando o caso.
FOLHA.COM /BLOG MAZELAS POLICIAIS
 

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO



O policial que participasse de um grupo de extermínio fora do horário de trabalho não deveria ser punido se matasse um criminoso para 43% dos paulistanos.

A revelação faz parte da pesquisa Datafolha que retrata o estado da população da capital após a onda de violência que começou em junho e se intensificou em outubro.

O percentual que defende a prisão desse policial é ligeiramente inferior em relação aos que defendem a impunidade -40%. Para 11%, ele deveria ser expulso da polícia, mas não preso.

O levantamento, feito na última quinta-feira, ouviu 1.082 paulistanos.

O medo de andar à noite nas ruas de São Paulo mais do que dobrou em cerca de três meses.

Na última quinta-feira, 61% diziam se sentir muito inseguros com caminhadas noturnas no bairro onde moram. Na pesquisa DNA Paulistano 2012, finalizada em agosto, o índice era de 26%. Em 2008, também de acordo com a pesquisa DNA, era de 20%.

Só 11% dos paulistanos afirmam se sentir muito seguros ao andar à noite. Em 2012 e 2008, esse índice era o dobro do atual (19% e 21%, respectivamente).

A zona norte de São Paulo, palco de ataques, é considerada insegura por 83% dos paulistanos -um aumento de 34 pontos percentuais em relação à pesquisa DNA 2012, concluída em agosto.

O índice é superior aos das zonas leste e sul, mais violentas do que a região norte. A leste e a sul são apontadas como inseguras por 82% e 72%.

O centro é considerado inseguro por 75%. A zona oeste, uma das áreas menos violentas da cidade, é tida como insegura por 71%.

Notícias de toques de recolher já foram ouvidas por 44% dos paulistanos. Na zona norte, esse índice chega a 54%.

A fonte da onda de violência são as facções criminosas ou bandidos, segundo 34% dos paulistanos.

Para 17%, trata-se de um acerto de contas entre criminosos e polícia. Só 5% consideram que o PCC (Primeiro Comando da Capital) dirige os ataques.

O percentual é idêntico ao dos que dizem que os homicídios decorrem de vingança de criminosos por causa da morte de membros do PCC.

Para 18%, foi o governo que motivou os ataques por desleixo ou falta de controle. Os mesmos 18% põem a culpa na falta de estrutura policial, baixos salários ou ausência de um planejamento estratégico por parte da polícia.

A corrupção policial em geral é apontada como o principal motivo dos ataques para 18% dos paulistanos.